1.6.08

A NAIFA

No Theatro Circo A Naifa deu mostras da sua magia e classe
Quando existe música assim em Portugal…

Com vinte minutos de atraso e sala com pouco mais de metade dos lugares ocupados, A Naifa subiu ao palco. O Theatro Circo de Braga voltou a receber, um ano depois, a exuberância e criatividade de um grupo que há muito deixou de ser uma promessa da música portuguesa. A ponte que construíram entr
e a música electrónica e a popular aliada a uma simbiose do fado com o pop deu origem a um estilo único e peculiar. A procura extenuante por se agarrar às nossas raízes, ao nosso fado, transporta-nos para um universo de criação e sonho. Embalados por líricas modernas e actuais (controversas e estranhas, talvez), deixamo-nos flutuar na expressão de uma voz e nas mãos de uma guitarra para agarrar um trabalho singular na música portuguesa: A Naifa. O concerto do Theatro Circo foi um claro exemplo da magia d’ A Naifa. Maria Antónia Mendes (Mitó como gosta de ser tratada) começou tímida e nem alguns temas conhecidos a despertaram. Nem a ela nem ao público. Mas, aos poucos, “baloiçada” pelo condão de Luís Varatojo na guitarra portuguesa, Mitó foi soltando os grandes temas, um a um, entusiasmando o tímido público que até ali só se havia manifestado no final das músicas. A forma como exploraram os seus três álbuns e os misturaram num alinhamento bastante bem conseguido, resultou no sucesso do concerto. Depois de abandonar o palco, os artistas regressam para um primeiro encore simplesmente fantástico. Acompanhada apenas por Varatojo, Mitó interpretou “Calças Vermelhas” e, já com a presença dos restantes elementos, (com especial incidência para a destreza de João Aguarela no baixo) tocou mais dois temas que fizeram saltar o público das cadeiras. As despedidas estavam feitas, mas até as luzes do Theatro se acenderem ninguém arredou pé da sala. E foi ao som de palmas que a banda regressou num segundo encore para, finalmente, se despedir de Braga. A “Desfolhada Portuguesa” culminou uma grande noite para todos aqueles que tiveram o prazer de ouvir A Naifa. Com o terceiro álbum lançado há pouco tempo, A Naifa reúne todas as condições para se vir afirmando na música portuguesa. E tem-lo feito de uma forma glorificante. Com nomes como João Aguarela no baixo, Luís Varatojo na guitarra portuguesa e com a voz de Mitó, será que a música portuguesa pode ousar de sofrer de alguma crise?
Daniel Vieira da Silva
Artigo publicado no Jornal Académico

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