11.6.05

Emoção

Foi precisamente isto que senti no final da performance de Técnicas de Expressão. Uma alegria imensa invadiu-me a alma... tudo correu bem... o esforço foi recompensado e a alegria para encarar o resto do dia foi tremenda.
Tenho naturalmente de fazer uns agradecimentos a certas pessoas que tornaram tudo isto possível, então cá vai:
- Todos os joyces... fomos fantásticos e a nossa união foi base segura para o sucesso da performance... muito obrigado por todos os momentos;
- Nádia e Marta, obrigado pela preciosa ajuda no serviço de "Corta e Cose" e no sistema de luzes... Sem vós a peça não teria tanto impacto;
- Ana Paula pela música da performance;
- Aos autores dos textos, destacando o da minha grande amiga (tu sabes quem és);
- Ao público que se deslocou para nos ver, principalmente aqueles que foram pelo minha parte (Cláudia e Tita);
- Ao professor de Técnicas... sem ele o empenho não seria tanto. Obrigado pelo incentivo durante o ano.
Para terminar, e antes de deixar aqui todo o guião da nossa performance, uma nota de parabéns para os outros grupos envolvidos. Foi gratificante verificar que o 1º ano de Comunicação Social tem gente bastante criativa e com algum jeito. A nossa nota foi a melhor, mas com certeza que nenhum grupo se empenhou menos ou tinha um trabalho inferior ao nosso. Por tudo isto Parabéns Comunicação Social.
Pronto, cá deixo então o guião para mais tarde recordar. Grande Abraço e um muitíssimo Obrigado a todos os que tornaram isto possível.

Acto I
Cena I

Fúnebre…
Fúnebre é o meu (x9), Mundo, meu Mundo, Mundo, meu Mundo, Mundo.
Fúnebre e sombrio o negro trespassa essa fronteira entre estes olhos e esse Mundo, esse outro Mundo de cores… De cores e flores e árvores e auto-estradas e casas, semáforos e aviões e foguetões e o Céu… O Céu, chamam-lhe azul e dizem que é infindável, interminável, inatingível… Dizem-no fascinante.
Mas eu e eu (x8) não tenho Céu. Tenho a solidão das cores, das flores, das árvores, das auto-estradas, das casas, dos semáforos, dos aviões, dos foguetões e do Céu… Só a solidão deles.
Durmo e acordo neste breu. Nesta noite, neste dia, nesta lua, neste Sol… Nestas estrelas fúnebres e lúgubres…
Nesta dimensão não há horas, o tempo perde todo o sentido no existir…As referências nada têm de referente neste Mundo, desse outro Mundo… Tão desesperadamente, angustiadamente, dementemente ambicionado por mim e por mim (x8).
Vivo dos ecos, dos sons perdidos, dos timbres mal definidos, das melodias sem cor…

Cena II

Melodia, sons…

NÃO!

Acto II
Cena I


Ontem fui ver o mar. A areia molhada gelava-me os pés descalços que a cada passo deslizavam felizes nesse chão brando e delicado.
A brisa tinha o gosto do sal, do iodo, do mar.
De longe e de perto a melodia das ondas trauteava belas cantigas de embalar.
E o sol aquecia e arrefecia e descia até a noite chegar.
E tudo isso vi quando fui ver o mar!

Cena II

Estranho? Não… Verdadeiro…
Quando quero vejo o Mundo todo com o meu corpo.
Vejo com as mãos, vejo com a boca, vejo pelo nariz, vejo com os ouvidos, vejo com o coração! Basta querer. Basta querer ver…
Quando os olhos não nos querem mostrar o Mundo, os outros sentidos revoltam-se e revelam-se e arrebatam todo o nosso corpo. Então vemos. Não vemos como os outros, talvez não vejamos de todo, antes sentimos.
E sinto o céu sobre mim, o infinito, a imensidão, sinto tudo e não consigo ver nada, mas sinto e pressinto que lá estão, Céu, Infinito, Imensidão.
(Céu, Infinito, Imensidão)*
*Escala ascendente e descendente 3x

E ouvem-se os ecos.

(Ritmos)

Acto III
Cena I


Os sonhos estatelam-se como copos que atiras à parede e se desfazem em mil pedaços…
E de repente vês a tua vida em infinitos fragmentos de vidro iguais a nada, piores que nada.
E os dias passam, comendo a luz que te dói na alma.
O tempo continua a perseguir-te com o vazio de um dia igual ao outro, e ao outro, e ao outro…
E tu só queres desistir, dormir, perder o juízo e a lucidez…
E voltar ao momento exactamente anterior à dor, ao vazio e à tristeza…
Mas é sempre tarde, é sempre demasiado tarde para voltar atrás…
Uma ânsia de uma morte que não consegues realizar…
A banda sonora perfeita para a tua alma…

Cena II

(Viola)

Agora falta essa luz,
Nesta escuridão.
Essa ausência atroz,
Que enlouquece a noite e não passa
E que dói
Deixa a solidão,
Deixa a solidão.


José Daniel Silva

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