24.8.06

Na minha hora

Lábios e poemas escritos numa valsa indecifrável reiteram posições e medidas tomadas por esse coração frágil vulto de um corpo ténue e de alma triste.
Sangue oculto derrama por entre os dedos, como a esperança perante o passar das horas... Perfumes… Aaahhh perfumes de emoção e desejo enchem os nossos corpos e elevam-nos a uma dimensão até agora por encontrar.
Um sexto sentido ganha forma e escreve-nos aquilo que não sabemos ler nem pensar... Coloca-te no auge... Faz de ti uma espécie de anjo que nunca foste, mas que te podes vir a tornar.
Esquecem-se dromedários e anjos esbeltos para se mergulhar numa imensidão de novas aventuras e batalhas cheias de porquês, onde não são lançados esses dados limitados neste jogo que é o da vida.
Da asfixia à claustrofobia é um salto, mas é aqui, contigo a meu lado que a tinta desliza formando palavras, aquelas que preenchem este bloco que me assusta e intimida pela sua pureza inicial... Pureza, uma pureza de alma que te envolve, te arrebata, mas que te caracteriza... Talvez como ninguém... Talvez como alguém.
Certezas só as há quando nos tocamos ou simplesmente nos olhamos ternamente.
Este olhar... Sábio mas sedento de saber... Aquele que a muitos incomodou, mas que reconforta o meu ser.
Porque é nos olhos que se vê e se encontra a verdadeira essência das coisas imateriais que nos apunhalam a triste e singela alma do meu ser...

Porque só eu me compreendo... A ti, que nunca o foste, te dedico estas palavras…


Daniel Vieira da Silva

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